La vida de personas viviendo con VIH son libros para consultar

Conozca la biblioteca humana hecha con las vivencias de las personas con VIH

En esta entrevista te invito a conocer el trabajo del profesor Julián de la Universidad de Nariño, en Pasto Colombia. Desde la noción básica de biblioteca, donde las personas consultan libros para obtener información, el profesor creó un espacio donde las personas que viven con el VIH son estos libros vivos. La idea de consultar a personas y no a artículos es porque estos últimos carecen de emociones y cuando hablamos de VIH no estamos hablando de datos estadísticos, sino de la vida con todas sus alegrías, preocupaciones y esperanzas.

ADVERTENCIA

Me pareció que el periodista, aunque tubo una buena intención al hacer esta nota, utilizó un vocabulario fatalista al hablar del VIH.

Siento que tenemos que hacer un serio trabajo con los medios para superar este lenguage.

Popayan y Bogotá

Hola caminantes

Acá en Colombia estoy caminando a un ritmo más lento, o más bien, tengo más días de descanso. Y estoy aprovechando estos días para trabajar en la página Web. La había creado unos días antes de que empezar el camino, pero estaba completamente abandonada e incompleta. Todavía hay mucho por hacer y eso me toma mucho  tiempo. Echen un vistazo a algunas fotos en la galería y las noticias  del camino (prensa).

**************

Rumbo a Panamá

Todavía no había decidido si iría a Panamá en barco o en avión. Escuchando a la gente de aquí, opté por la segunda alternativa y, en consecuencia, ir a Bogotá. Creo que en 20 días llegaré a la capital. Después de un año y medio y más de 9500 km, el tramo Bogotá – Ciudad de Panamá será el primero  pie que no haré a pié. El Estrecho de Darién, un tramo terrestre que une a Colombia y Panamá es completamente inviable, está ubicado en el medio de la floresta, no hay camino, el terreno es pantanoso y existen varios riesgos relacionados con la seguridad.

**********

Popayan – la ciudad blanca de Colombia

Popayán, en mi opinión, es, hasta ese momento, la ciudad más bella de Colombia. El comercio es muy variado y organizado y las calles siempre están llenas de gente. El centro es muy elegante y casi todos los edificios del centro son blancos. En términos de seguridad, este era uno de los lugares donde estaba más relajado. La gente es muy cariñosa. Sin embargo, ninguno puede compararse con Francisco. Es profesor de portugués en la universidad y apasionado de Brasil. Fue recibido en su casa por recomendación del hermano Carlos Freitas, su amigo de muchos años. Francisco es amable en persona, todas las mañanas me preparó un desayuno estilo e Xou da Xuxa o Ana Maria Braga (programa de televisión de Brasil), ¡pero mucho mejor!

*********

El miércoles pasado llegué a Cali, salgo de la habitación  en que estoy solo para los momentos comunes de la Fraternidad de los Capuchinos. Es un hogar para los frailes mayores. Me gusta estar entre ellos. Hoy fui al centro de la ciudad para ser los ojos de ustedes que me acompañan, es decir, para que vean un poco sobre esta ciudad. Una parte del centro me pareció fea e insegura, la otra hermosa y tranquila. Elegí mostrar la parte hermosa porque  para mostrar lo feo creo que ya hay otros.

Plaza en la ciudad de Cali

Bateram em mim – uma reflexão sobre mecanismos de violência e estigmas internalizados

Resultado de imagem para violencia

Eu não quero apenas dizer o que aconteceu, quero aprender e refletir a partir desse fato. Antes de iniciar propriamente o relato devo salientar duas coisas: a primeira é de que estou bem, fiquei com os braços e as mãos doloridos os primeiros dias, mas fisicamente estou bem. A segunda é um pedido. Diante de uma situação de violência uma de nossas primeiras reações é a de nos identificarmos com a vítima, especialmente se mantemos um vínculo afetivo com ela e consequentemente em odiar o agressor e talvez desejar que sofra e que seu sofrimento seja maior do que o causado. Se seguimos essa lógica eu provavelmente  iria ler nos comentários dessa postagem: pobrezinho do Marcelo, essas pessoas que fizeram isso com ele são terríveis! Penso que não existem pessoas boas ou más, pois nos fazemos nas circunstâncias. Dessa forma, pessoas que em uma situação demonstram ser generosas e amáveis talvez em outro ambiente e com outro grupo de pessoas sejam agressivas, rudes e violentas. Isso significa que não podemos dividir a vida em binômios, nesse caso em  bons ou maus. Somos bons E maus, somos uma mescla de tudo e se somos honestos temos que reconhecer  que há em todas e todos muitos mecanismos de violência. Caso contrário, se mantemos o binômio, de alguma forma nos tornamos tão violentos quanto  quem praticou a violência. Com isso não quero dizer que colocamos todos no mesmo nível, nem quero colocar mais peso sob as costas das vítimas ou que estou justificando a violência, o que busco é unicamente romper com o circulo. Dito isso, vamos aos fatos.

Eram meus primeiros dias na serra equatoriana. A experiência anterior havia sido maravilhosa, as pessoas na costa não poderiam ser mais generosas e amáveis do que haviam sido. Na serra, além do frio, notei que voltei a ter contato com povos originários e com suas tradições que admiro e respeito. Em termos de segurança me sentia mais confortável nesse ambiente rural.  Por sugestão de moradores do local e do GPS saio da rodovia que vinha caminhando por dois dias e entro em uma estrada de chão. Tiro fotos com a primeira família que encontro e recebo algumas batatas, ervilhas e água.  Sigo adiante. Uma camionete passa por mim e  me olham com desconfiança, não estranho a reação, pois sei que  um desconhecido com um carrinho nada convencional por aquelas bandas gera curiosidade e estranheza. Nesse mesmo tempo  percebo que cães avançam contra mim. Não gosto de espanta-los com pedras, tiro da mochila alguns pãezinhos e como num passe de mágicas já nos tornamos amigos. Para minha surpresa a camionete bruscamente da meia volta, um casal desce enfurecido. Aos berros um senhor me diz:

– É proibido caminhar por aqui, essa é uma estrada privada! É proibido dar comida aos animais!

Antes mesmo de poder justificar minha ação a senhora avança em minha mochila para ver o que estou levando e diz aos que se aproximam:  – Ele  estava dando comida para os cachorros, chamem a comissão da comunidade.

Minha primeira reação foi gritar com a senhora dizendo que ela não tinha o direito de abrir a mochila daquela forma. Como resisti, passo a ser atacados com socos pela senhora que nesse momento já está completamente transtornada. Insiste que  representantes da comunidade sejam chamados e que seja aplicada a justiça indígena. Uma das penas possíveis às pessoas que são flagradas cometendo algum delito consiste em tirar a roupa do acusado, passar urtiga por seu corpo e submetê-lo a um banho gelado e por fim ser açoitado. Se for apanhado roubando, a pena é a morte em uma fogueira de pneus.

Sem ter noção do perigo da situação em que estava envolvido dou um tapa na mão da mulher que me batia para que pare e perceba o que está fazendo. Seu marido avança contra mim e ameaça matar-me se repito semelhante gesto. A mulher se dirige ao carrinho para ver o que levo.

– Eu não estou fazendo nada contra vocês. Vocês podem retirar todas as coisas do carrinho, mas vou gravar o que vocês estão fazendo e mostrar às autoridades.

A mulher ainda mais enfurecida avança contra mim e tenta quebrar o celular. Com toda a força tento impedi-la. Ela  então, agarra uma lenha para me bater. Diante da brutalidade dessa cena eu me agacho e digo:

– Eu não vou reagir, sou pacífico, se querem bater, pois que me batam, mas quero que percebam o quanto estão sendo violentos e injustos.

Esse gesto fez com que o senhor contivesse sua esposa. Eu estava assustado e tremendo, mas ainda assim consegui me recompor e pude explicar quem eu era e o que eu estava fazendo. Podendo verificar minha boa intenção pelas matérias que eu mostrei no celular, todos me pediram desculpas e explicaram que tiveram tal reação porque a comunidade já havia sido roubada algumas vezes. A senhora disse que havia pensado que eu era um ladrão que estava dando pães envenenados aos cachorros com o propósito de vir roubar mais tarde.

Suponho que o mais fácil seria julgar essas pessoas, no entanto, penso que, mais uma vez, sem querer justificar a violência, podemos nos autoanalisar para juntas e juntos buscarmos alternativas para a superação da violência.

As pessoas que me agrediram estavam convencidas de que eu era um ladrão e por nenhum momento lhes passou pela cabeça de que eu era um turista ou uma pessoa caminhando com um bom propósito. Isso me faz pensar que muitas vezes temos uma reação colonialista diante do desconhecido. Se o desconhecido é branco, com traços europeus e bem vestido não é uma ameaça e talvez esteja chegando com o poder de resolver nossos problemas. Se o desconhecido é pobre, latino, moreno e ou com traços indígenas ou negros representa uma ameaça e um perigo que tem que ser banido. É importante lembrar que essas pessoas que me atacaram passam justamente por esse tipo de estereótipo. Para as pessoas da costa do Peru e do Equador, mais brancas e miscigenadas, as pessoas da serra, com pele mais escura e predominantemente indígenas são vistas como inferiores e são objetos de chacotas e tantas outras violências. Além disso, os modelos de beleza, de desenvolvimento cultural e social que aparecem na televisão nunca são eles. Eu ficava admirado ao ver nos programas de televisão no Peru o quanto as pessoas que eu via na televisão não representavam em nada as pessoas que eu encontrava nas ruas. Assim, por mais que tentem se afirmar através de suas tradições e sentirem orgulho de suas raízes penso que é quase inevitável que tudo isso não seja interiorizado e convertido em complexo de inferioridade. Quando bateram em mim, eles, na verdade, estavam batendo neles próprios. Eu era um espelho deles. Eles golpearam o auto-ódio inculcado pelo sistema. Com minha cor de pele, com meus traços latinos eu não poderia ser um turista. Eu não deveria estar ali. Um turista é branco e rico. Eu sou moreno e pobre como eles. E moreno e pobre deve ser ladrão e por isso tem que apanhar. É isso que por séculos estamos ouvindo e vivendo em nosso continente.

Eu poderia ter reagido de outra maneira? É possível e desejável manter a calma em uma situação semelhante?  Como não reagir de maneira impulsiva? Quando e em quais situações me percebo violento ou violenta? Como libertar-se dos sentimentos de inferioridade internalizados e como não projeta-los em meus semelhantes?  Como não transformar minhas feridas em uma arma?

 

 Me golpearon a mí – una reflexión sobre  mecanismos de violencia y  estigmas internalizados

No solo quiero narrar lo que pasó, quiero aprender y reflexionar sobre este hecho. Así, antes de comenzar, debo señalar dos cosas: primero, estoy bien, me dolían los brazos y las manos en los primeros días, pero físicamente estoy bien. La segunda es un pedido. Ante una situación de violencia, una de nuestras primeras reacciones es la identificación con la víctima, especialmente si mantenemos un vínculo emocional con ella y, en consecuencia ,  pasamos a odiar este que practicó la violencia y tal vez  queremos que su sufrimiento sea mayor que el sufrimiento que causó. Si seguimos esta lógica, probablemente leería en los comentarios de esta publicación: ¡pobrecito Marcelo, estas personas que te hicieron esto son terribles!  Creo que no hay personas buenas o malas, porque nos hacemos en las circunstancias. De esta manera, las personas que en una situación demuestran ser generosas y amables quizás en otro contexto y con otro grupo de personas sean agresivas, groseras y violentas. Esto significa que no podemos dividir la vida en binomios, en este caso en buenos o malos. Somos buenos Y malos, somos una mezcla de todo y, si somos honestos, debemos reconocer que existen en todos y todas muchos mecanismos de violencia. De lo contrario, si mantenemos el binomio, de alguna manera nos volvemos tan violentos como el agresor. Con esto no quiero decir que todos y todas  estamos en el mismo nivel de violencia o poner una carga aún más dura  sobre las espaldas de las víctimas o que estoy justificando la violencia, lo que busco es tan solo romper el círculo. Dicho esto, vamos a los hechos.

Eran mis primeros días en la sierra ecuatoriana. Lo que había vivido antes fue maravilloso, la gente de  la costa no podía ser más generosa y amable de lo que había sido. En la sierra, además del frío, noté que volví a tener contacto con los pueblos originarios y sus tradiciones que admiro y respeto. En términos de seguridad, me sentí más cómodo en este entorno rural. A sugerencia de locales y del GPS, salgo de la carretera por donde caminé durante dos días y entro en un camino de tierra. Tomo fotos con la primera familia que encuentro la cual me da unas papas, arvejas y y agua. Yo sigo adelante. Una camioneta pasa por mí y me mira con recelo, no es de extrañar la reacción, porque sé que un desconocido con un carrito nada convencional por esas zonas genera curiosidad y extrañeza. Al mismo tiempo, me doy cuenta de que los perros avanzan contra mí. No me gusta asustarlos con piedras, por eso, saco de mi mochila unos trocitos de pan y, como por arte de magia, ya somos amigos. Para mi sorpresa, la camioneta de repente se  da vuelta, una pareja baja enfurecida. Un señor alzando la voz me dice:

– Está prohibido caminar aquí, ¡este es un camino privado! ¡Está prohibido alimentar a los animales!

Antes de que pueda justificar mi acción, la señora agarra mi mochila con violencia para ver lo que llevo y  dice a los que se acercan: – Estaba alimentando a los perros, llamen al comité comunitario.

Mi primera reacción fue también alzar la voz  diciendo que ella no tenía  derecho a abrir mi mochila. Visto que yo resistía, la señora que ahora está completamente molesta me ataca con golpes. Insiste en que se convoque a  los representantes de la comunidad y que se aplique la justicia indígena. Una de las posibles sanciones para las personas que son atrapadas cometiendo un delito es quitar la ropa del acusado, pasar ortiga por su cuerpo y someterlo a un baño helado y eventualmente ser azotado. Si lo atrapan robando, la pena es la muerte en un incendio de neumáticos.

Sin darme cuenta del peligro de la situación en la que estaba involucrado, manoteo a la mujer que me estaba pegando  para que se detenga y se dé cuenta de lo que está haciendo. Su esposo avanza contra mí y dice que me mata si repito ese gesto. La mujer  encolerizada va al carrito para ver lo que llevo.

– No estoy haciendo nada contra ustedes. Pueden quitar todo del carrito, pero grabaré lo que está haciendo y se lo mostraré a las autoridades.

La mujer aún más furiosa se apresura contra mí e intenta romper mi celular. Con todas mis fuerzas trato de detenerla.  Ella entonces busca una leña para pegarme.  Frente a la brutalidad de esta escena, me agacho y digo:

Yo no voy a reaccionar, soy una persona de paz, si me quieren  pegar, que lo hagan, pero quiero que se den cuenta de lo violentos e injustos que están siendo.

Este gesto  hizo  con que el señor calmase a su esposa.  Yo estaba asustado y temblando, pero aún así pude explicar quién era y que estaba haciendo. Al verificar mis buenas intenciones a través de las notas sobre la caminata que mostré en mi celular, todos se disculparon y me explicaron que tuvieron esa reacción porque la comunidad ya había sido robada varias veces. Dijeron que pensaban que era un ladrón que estaba dando pan envenenado a los perros con el propósito de volver más tarde.

Supongo que lo más fácil sería juzgar a estas personas, pero creo que una vez más, sin justificar la violencia, podemos analizarnos juntos y buscar alternativas para superar la violencia.

Las personas que me agredieron estaban convencidas de que era un ladrón y nunca se les ocurrió que era un turista o una persona que caminaba con un buen propósito. Me hace pensar que a menudo tenemos una reacción colonialista ante lo desconocido. Si el desconocido es blanco, con rasgos europeos y bien vestido no es una amenaza y tal vez viene con el poder de resolver nuestros problemas. Si el desconocido es pobre, latino, moreno  y con rasgos indígenas o negros, representa una amenaza y un peligro que debe ser atacado. Es importante recordar que estas personas que me atacaron sufren  este tipo de estereotipo. Para las personas blancas y mestizas de las costas de Perú y Ecuador, las personas de piel oscura y predominantemente indígenas de la sierra son vistas como inferiores y son objeto de burlas y muchas otras violencias. Además, los modelos de belleza, desarrollo cultural y social que aparecen en la televisión nunca son ellos. Me sorprendió ver en programas de televisión en Perú cuánto la gente que vi en televisión no representaba nada en absoluto a las personas que conocí en las calles. Aún que intenten  afirmarse a través de sus tradiciones y enorgullecerse de sus raíces, creo que es casi inevitable que toda esta violencia que sufren no se internalice y se convierta en un complejo de inferioridad. Cuando me golpearon, en realidad se estaban golpeando a sí mismos. Yo era un espejo de ellos. Golpearon el odio a sí mismo infundido por el sistema. Con mi color de piel, con mis rasgos latinos, no podría ser un turista. No debería estar allí. Un turista es blanco y rico. Soy oscuro y pobre como ellos. Y los oscuros y los pobres supuestamente son  ladrones y deben  ser golpeados. Eso es lo que estamos escuchando  y viviendo durante siglos en nuestro continente.

¿Podría haber reaccionado de otra manera? ¿Es posible y deseable mantener la calma en una situación similar? ¿Cómo no reaccionar impulsivamente? ¿Cuándo y en qué situaciones me veo  violento o violenta ? ¿Cómo podemos liberarnos de los sentimientos internalizados de inferioridad y cómo no proyectarlos en mis compañeros y compañeras? ¿Cómo no convertir mis heridas en un arma?

 

Na luta contra a AIDS, meu caminhar está valendo para alguma coisa?

1 de dezembro – Dia mundial de luta contra a AIDS.

Hoje não caminhei. Passei o dia pensando nessas questões

Qual está sendo minha contribuição?

O que faço vai fazer com que algo mude?

Pessoas em praças, grupos de amigos na esquina, quando almoçava em um restaurante,  com operários na rodovia ou com curiosos e curiosas que me viam passar com o carrinho e etc. Com toda essa gente eu procurava refletir sobre sexualidade, preconceitos e HIV/AIDS. Nos cinco meses que estou  no Peru quase não fiz esse tipo de intervenções, pois em minhas primeiras tentativas  as pessoas pareciam não ter muito interessadas em me escutar. No Peru fui convidado para falar sobre HIV com um pequeno grupo de estudantes apenas uma vez.

Outro espaço que eu tinha para compartilhar experiências e saberes em torno dessa temática  era entrevistas em jornais, rádios e canais de televisão. No país fui entrevistado apenas quatro vezes e agora aqui no norte um pouquinho mais.

Não conversei com nenhum grupo de pessoas vivendo com HIV, não visitei nenhuma instituição que atua na prevenção, até mesmo porque  há apenas em algumas cidades peruanas organizações da sociedade civil que atuem nessa área.

A última vez que tentei conversar com alguém da área da saúde aqui no Peru para conhecer as estratégias de prevenção e os desafios que enfrentam as pessoas com HIV, a médica que me recebeu pedia insistentemente que eu definisse o que era AIDS, ao que tudo indica minha imagem não lhe transmitia muita credibilidade.

Além disso, estou consciente que ações isoladas, ainda que as intenções sejam boas, os resultados são quase irrisórios. Atuações de coletivos são sempre mais impactantes, obviamente mais efetivas.

Estou lendo poucos artigos sobre o tema e também devido ao cansaço da caminhada praticamente não escrevo nada diante da ineficiência  de governos, em especial o do Brasil em políticas públicas que alterem o atual cenário da epidemia, o que às vezes pode até ser visto como omissão de minha parte.

Com isso diria que meus objetivos não foram atingidos?

Eu tenho consciência que minha contribuição é muito pequena. Mas ainda assim quero partilhar com as pessoas meus conhecimentos, quero escutá-las, quero aprender com elas. Quero com meus passos me sentir próximo a todas e todos que lutam pelos direitos das pessoas com HIV, de todas e todos que trabalham para que não haja mais novos casos. Quero me sentir próximo às pessoas que enfrentam estigmas e preconceitos.

E há algumas situações em que vivi esse ano que me fazem ver que ao menos para um grupinho de pessoas o Caminho de Aline está valendo a pena.

Lembro que em Andahuyalas, em uma feira, um casal viu o laço vermelho no carrinho e parou para me fazer perguntas, eram pessoas humildes, falavam com um pouco de timidez. As perguntas revelavam que não sabiam muito sobre esse assunto, mas estavam super interessados em aprender.

Na semana passada, li um comentário sobre uma entrevista que fizeram comigo. Era um comentário impregnado de preconceito, de moralismo e de falta de conhecimento. Nesse sentido, toda tentativa individual ou coletiva para que as pessoas sejam mais tolerantes e empáticas é válida.

Ao longo desse ano recebi algumas mensagens de pessoas que me contaram como estão lidando com o diagnóstico positivo para HIV, partilharam comigo suas inquietudes. Recebi cada mensagem com profundo respeito e  atenção. O fato de confiarem em mim já me faz dizer que sim, está valendo a pena.

¿Cuál es el sentido de mi caminata en la lucha contra el SIDA?

 

Día mundial de lucha contra el SIDA 2019

No caminé hoy. Pasé el día pensando en estas preguntas

¿Cuál esta siendo mi aporte?

¿Lo que hago hará que algo cambie?

Personas en las plazas, grupos de amigos en la esquina,  personas almorzando en un restaurante, conversas con trabajadores en la carretera o con personas curiosas que me vieron pasar con el carrito, etc. Con todas estas personas traté de reflexionar sobre sexualidad,  prejuicios y el VIH / SIDA. En los cinco meses que llevo en Perú no hice ninguna de esas intervenciones, porque en mis primeros intentos la gente parecía no estar muy interesada en escucharme. En Perú me invitaron a hablar sobre el VIH con un pequeño grupo de estudiantes solo una vez.

Otro espacio que tenía para compartir experiencias y conocimientos sobre este tema eran las entrevistas en periódicos, radios y canales de televisión. Pero en el país me entrevistaron justo unas pocas veces (ahora acá en el norte un poquito más).

No he hablado con ningún grupo de personas que viven con el VIH, no he visitado ninguna institución que trabaje en prevención, e porque solo hay en algunas ciudades peruanas organizaciones de la sociedad civil que trabajan en esta área.

La última vez que intenté hablar con alguien de salud aquí en Perú para conocer las estrategias de prevención y los desafíos que enfrentan las personas con VIH, la médica que me recibió insistentemente me pedía para definir  lo que es el SIDA, creo  que mi imagen no le pasó mucha credibilidad.

Además, soy consciente de que acciones aisladas, aunque con buenas intenciones, son casi insignificantes o con resultados diminutos. Las actuaciones colectivas siempre son más impactantes y efectivas.

Estoy leyendo pocos artículos sobre el tema y, debido al cansancio de la caminata, prácticamente no escribo nada frente a la ineficiencia de los gobiernos, especialmente de Brasil, y la ausencia de políticas públicas que puedan cambiar  el escenario actual de la epidemia.

¿Mis objetivos no se cumplieron?

Soy consciente de que mi contribución es muy pequeña. Pero todavía quiero compartir mi conocimiento con la gente, quiero escucharlos, quiero aprender de ellos. Quiero seguir mis pasos para sentirme cerca de todos los que luchan por los derechos de las personas con VIH, todos los que trabajan para que no haya nuevos casos. Quiero sentirme cerca de las personas que enfrentan estigma y prejuicio.

Hay algunas situaciones que he experimentado este año que me hacen darme cuenta de que, al menos para un pequeño grupo de personas, el Caminho de Aline está es significativo.

Recuerdo que en Andahuyalas, en una feria, una pareja vio el lazo rojo en el carrito y se detuvo para hacerme preguntas, eran personas humildes, que hablaban tímidamente. Las preguntas revelaron que no sabían mucho sobre este tema pero estaban muy interesados ​​en aprender.

La semana pasada leí un comentario sobre una entrevista que hicieron conmigo. Fue un comentario lleno de prejuicios, moralismo y falta de conocimiento. En este sentido, cualquier intento individual o colectivo de hacer que las personas sean más tolerantes y empáticas es válido, ¿no?

En el transcurso de este año, recibí algunos mensajes de personas que me contaron como  recibieron el diagnóstico positivo de VIH, compartieron conmigo sus preocupaciones, temores y sus horizontes. Recibí cada mensaje con profundo respeto y atención.  El hecho de que confiaron en mí ya me hace decir que sí, cada quilómetro de esos más de 7800   valió la pena.

 

Dia 345

El DERECHO a viajar

(versíon en español y portugués/ versão em espanhol e português)

[ESPAÑOL]

Aquí en Perú he conocido a muchos viajeros/viajeras, la mayoría de ellos/ellas en bicicleta y casi todos/todas de Europa, Estados Unidos y algunos/algunas de Australia y muy pocos de Latino América. ¿Cómo explicar este fenómeno? Algunos dirán que los “gringos” tienen más dinero que nosotros. Es cierto que su dinero vale más que el nuestro, esto es innegable, sin embargo, todo/todas los/las que conocí, sin excepción, no son ricos / ricas, al contrario, son personas que trabajaron y ahorraron para poder viajar de la manera más modesta posible, comen comida callejera y no les importa compartir una habitación con otros viajeros o dormir en carpas . Si,   ahorrar para viajar es un privilegio, porque la mayoría de las personas que conozco no gana lo suficiente para ahorrar, solo ganan para SOBREVIVIR.

Estoy viajando casi sin dinero y gastando muy poco. Entonces la pregunta sigue: ¿por qué la gente en nuestro continente no viaja? Para tratar de reflexionar sobre este tema, recuerdo las palabras de Frei Betto, un fraile dominico, en una de sus conferencias en mi ciudad: ” Nuestra gente no tiene acceso a los derechos básicos y esta precariedad es tan naturalizada por el sistema económico que ni siquiera se dan cuenta de lo que les falta”. Una vez que tienen pan perciben que esto no es suficiente, necesitan igualmente de educación y salud. Garantizado estos derechos y otros, es comprensible y necesario reclamar bibliotecas públicas, acceso a teatros, música, poesía y arte en general. Entonces, ¿cómo darse cuenta de que pueden viajar si esta posibilidad nos les fue presentada? Los viajeros que conozco se ven a sí mismos como  portadores del DERECHO a viajar porque ya tienen otros derechos garantizados. La filósofa estadounidense Judith Butler dice que los que preguntan qué es una vida digna es porque ya tienen acceso a una vida digna.

“Cree en tus sueños, sigue adelante y ellos se harán realidad”. No me gusta este tipo de discurso no porque algunos sueños no se convierten en realidad y / o porque esto puede generar frustración. El gran problema en mi opinión es que algunas personas no se dan cuenta de que tienen el derecho de soñar y ver otros mundos y posibilidades porque para ellos lo que existe es únicamente el presente con su gran lucha por la supervivencia. El hecho de que me veo capaz de viajar a pie no es el resultado de un esfuerzo personal o una habilidad extraordinaria, esto deriva del hecho de que en un momento de mi vida  tuve  acceso a los derechos básicos y me vi con el derecho de soñar y ver que viajar a pie podría ser una posibilidad.

[PORTUGUÊS]

O DIREITO de viajar

Aqui no Peru tenho encontrado muitos viajantes, a maioria deles/delas em bicicleta e quase todos/todas da Europa, dos Estados Unidos e alguns/algumas da Austrália, poucos, bem poucos da América Latina. Como explicar esse fenômeno? Alguns dirão que os “gringos” têm mais dinheiro que nós. É verdade que o dinheiro deles vale mais que o nosso, isso é inegável, no entanto, todos e todas que conheci, sem nenhuma exceção, não são ricos/ricas, ao contrário, são pessoas que trabalharam e economizaram para poder estar viajando da maneira mais modesta possível, comem comida de rua e não se importam em dividir o quarto com outros/outras viajantes. Sim,  o fato de economizarem para viajar é um privilégio, pois a maioria das pessoas que conheço não ganha o suficiente para poder economizar,  ganham apenas para poder SOBREVIVER.

Eu estou viajando quase sem dinheiro e gasto muito pouco. Portanto, segue a pergunta: porque as pessoas de nosso continente quase não viajam? Para tentar refletir sobre essa questão recordo das palavras do Frei Betto em uma de suas palestras em Porto Alegre: “nosso povo não tem acesso aos direitos básicos e essa precariedade é de tal forma naturalizada pelo sistema econômico que sequer percebem o que lhes falta”. Uma vez que têm pão se dão conta que isso não basta, é preciso educação e saúde. Garantidos esses direitos e outros é compreensível e necessário que reivindiquem bibliotecas públicas, acesso a teatros, à música, poesia e à arte em geral. Portanto, como perceber que podem viajar se esta possibilidade não lhes foi apresentada? Os viajantes que encontro se vêem como portadores do DIREITO de viajar porque já tiveram outros direitos garantidos. A filósofa americana Judith Butler diz que os/as que perguntam o que é uma vida digna é porque já têm acesso a uma vida digna.

“Acredite nos teus sonhos, siga em frente e eles se tornarão realidade”. Não gosto desse tipo de discurso não porque alguns sonhos não se realizam e/ou porque isso pode gerar frustração. O grande problema em minha opinião é que algumas pessoas não percebem que têm o direito de sonhar e ver outros mundos e possibilidades porque para elas o que existe é apenas o presente com sua grande luta por sobrevivência. O fato de perceber-me capaz de viajar a pé  não é fruto de um esforço pessoal ou de uma capacidade extraordinária, deriva, na verdade, do acesso que tive a direitos básicos e me vi com o direito de sonhar e percebi que viajar a pé poderia ser uma possibilidade.

 

Dia 48

Dia 48 – Etapa sul do Brasil acabando. Na companhia de amigos me vou para o Uruguay. Hoje caminhamos 39 km. Minha gratidão ao Áureo que pretende 🚶 comigo até Isidoro Noblia no Uruguay.

Dia 2

Dia 02 – Guaíba – Barra do Ribeiro
A caminhada de hoje é menor do que a do dia anterior. Começo o dia conversando com a gurizada de uma escola de Guaíba. O papo foi mais ou menos assim: quantas pessoas vocês conhecem que irão dar uma volta ao mundo a pé? Para a maior parte de nós isso é algo totalmente novo e mesmo distante de nossas realidades. Nossos sonhos estão relacionados ao nosso modo de ver a vida e as nossas possibilidades. Que possamos lutar para que nossas possibilidades de sonhar sejam ampliadas.
********************************
Era por volta de uma hora da tarde. Sigo por uma estrada de chão do interior. Uma camionete para. Pai e filho me reconhecem da reportagem, pouco tempo depois estou almoçando na casa deles como se estivesse na casa de meu compadre. O ambiente é um tanto parecido ao que encontrava nas missões: acolhida bem calorosa, quase como se estivessem esperando minha chegada. Falamos de temas que me são familiares.
*************************************************
Termino o dia em uma festa de aniversário de uma criancinha na Barra do Ribeiro, não posso nem de longe dizer que o caminho está sendo previsível.

Dia 1

Dia 1 – Ao chegar na ponte o primeiro impasse, por onde passar, qual o caminho certo? Não há ninguém ao meu lado para me responder ou orientar. Vou arriscando. Chego em um ponto em que confirmo que é preciso subir uma longa escada. Não sou prático, sinto-me inseguro diante de questões assim, mas não tem jeito, agora sou eu e eu. Vou subindo com o carrinho escada acima, seria essa uma prévia das dificuldades que virão? Pronto, estou na ponte do Guaíba. A parte destinada aos pedestres é estreita, ergo o carrinho de um jeito, de outro, tranca, prende, arrasta, demora e quando estou chegando no finalzinho há um obstáculo que faz com que eu retorne de costas até o ponto inicial. É preciso atravessar e tentar se no outro lado o carrinho passa. Ok, primeiro desafio superado e de repente… lá está uma outra ponte. E recomeça o levanta, segura, arrasta. Na terceira ponte estou decidido a caminhar no espaço reservado aos carros, ou melhor, às carretas gigantes e pesadas. Passos miúdos, nem sei se há paisagens à direita ou à esquerda… ufa!
Por volta de três horas paro em uma lancheria para almoçar. Ganho o almoço pois o proprietário me viu na TV naquele dia. Mais a diante peço água e um morador de Eldorado me oferece café e propõe um prato com ovos fritos. Naquele mesma estrada um carro passa e buzina, minutos depois retorna com algumas crianças, tiram fotos e me dão dinheiro para ajudar na alimentação, é a bondade no caminho.
Para fechar o dia sou recebido com muito carinho na familia do Lucas, um amigão do meu irmão Jere. É noite de aniversário e tem até lazanha, hummm, coisa boa! Obrigado Sara e Amarildo. #CaminhodeAline#VoltaaoMundoaPé #Mochilao #Diario #Aventura

Open chat